Introdução: Faltam dados sobre o quanto as aferições quantitativas de strain miocárdico por ressonância magnética cardíaca (RMC) podem ter um papel na previsão de risco em eventos adversos futuros em pacientes com miopericardite aguda (MPA).Objetivo: Avaliar a associação entre o strain miocárdico medida por RMC e eventos clínicos em pacientes com MPA.Métodos: Foram incluídos 100 pacientes com diagnóstico clínico de MPA com confirmação por RMC. O desfecho primário foi a combinação de mortalidade por todas as causas, insuficiência cardíaca e recorrência de MPA em 24 meses. A associação entre medidas de strain miocárdico e eventos clínicos foi calculada por regressão logística multivariada. Foi avaliada o strain radial, circunferencial e longitudinal de pico global nos ventrículos esquerdo e direito. A análise da curva ROC foi realizada para identificar os pontos de corte com maior discriminação para predição de eventos clínicos.Resultados: O seguimento médio foi de 18,7 meses e o desfecho primário combinado ocorreu em 26 pacientes. A mediana da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) na RMC no início do estudo foi de 57,5% (± 14,6%). Strain radial de VE (OR = 0,87, IC 95%: 0,79 - 0,96, p = 0,005), strain circunferencial de VE (OR = 1,32, IC de 95%: 1,09 - 1,59, p = 0,005) e strain longitudinal de VE (OR = 1,31, IC 95%: 1,09 - 1,58, p = 0,005) foram independentemente associados à ocorrência de eventos clínicos. As áreas sob a curva ROC para predição de eventos clínicos foram 0,80, 0,79 e 0,80 para strains radial, circunferencial e longitudinal do VE.Conclusão: A medição do strain miocárdica por RMC pode fornecer informações prognósticas para pacientes com MPA. Os strains radial, circunferencial e longitudinal do VE foram associados a eventos clínicos em longo prazo nesses pacientes.