Introdução: Estudos pré-clínicos em infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) indicam que impulsos de alto índice mecânico guiados por ultrassom diagnóstico transtorácico associados a infusão intravenosa de microbolhas resultam na dissolução do trombo (sonotrombólise), melhorando a microcirculação coronariana e a taxa de recanalização coronariana epicárdica. Os efeitos dessa nova terapia sobre o remodelamento do átrio esquerdo (AE) ainda são desconhecidos. Objetivo: Avaliar o efeito da sonotrombólise no remodelamento funcional e estrutural do AE. Métodos: 100 pacientes foram randomizados, sendo 50 para o grupo controle e 50 para o grupo terapia. A análise do AE foi realizada imediatamente antes e após a intervenção coronariana percutânea (ICP), 72 horas, 1 mês e 6 meses de seguimento. O remodelamento funcional e estrutural do AE foi avaliado através do strain e do volume do AE, respectivamente. O strain global longitudinal (SGL) do AE foi avaliado pelo método speckle tracking, onde os valores foram calculados através da avaliação do AE em imagens de 2 e 4 câmaras. O volume do AE foi avaliado pelo método de Simpson e indexado à superfície corporal, e o remodelamento estrutural do AE foi definido como aumento do volume do AE em mais de 15% do momento antes da ICP até 6 meses de seguimento. Resultados: O SGL do AE teve valores significativamente maiores e persistentes no grupo terapia após 72h de ICP. A comparação do SGL do AE entre os grupos terapia e controle, respectivamente, foi: antes da ICP 15,1±9,7% vs. 15,4±8,0% (p=0,893), após ICP, 21,3±9,2% vs. 18,5±7,5% (p=0,132), 72h 24,0±7,3% vs. 19,6±7,2% (p=0,005), 1 mês 25,3±6,3% vs. 21,5±8,3% (p=0,020) e 6 meses 26,2±8,7% vs. 21,6±8,5% (p =0,015). O volume do AE apresentou valores menores no grupo terapia após 6 meses de ICP. A comparação dos volumes do AE entre os grupos terapia e controle, respectivamente, foi: antes da ICP 19,0±6,2ml/m2 vs. 22,4±9,8ml/m2 (p=0,061), após ICP 22,8±7,9ml/m2 vs. 24,4±12,1ml/m2 (p=0,469), 72h 25,9±8,5ml/m2 vs. 26,4±12,7ml/m2 (p=0,815), 1 mês 27,2±8,3ml/m2 vs. 29,1±13,1ml/m2 (p=0,410) e 6 meses 26,7±7,5ml/m2 vs. 33,1±14,9ml/m2 (p=0,013). O remodelamento estrutural do AE foi observado em 61% no grupo de terapia e 82% no grupo de controle (p <0,001). Conclusão: O uso da sonotrombólise como terapia adjuvante, em pacientes com IAMCSST, resulta na redução do remodelamento funcional e estrutural do AE por meio de maiores valores de SGL do AE e menor aumento do volume do AE, respectivamente, demonstrando o benefício da utilização desta nova terapia.